segunda-feira, abril 11, 2011

Seria pleno

Uma porção de frases presas na minha garganta. Conjunto de palavras de saudade, de revolta, de amor. Raiva. O desejo incontrolável de abrir a veneziana do quarto e gritar em direção ao nada palavras soltas e cheias de sentido. O medo de me prender de novo em mais uma das minhas aventuras utópicas – ou perfeitamente prováveis, aos olhos de outros. De me entregar – pela segunda ou terceira vez, calculo – às minhas ilusões tão românticas e tão autodestrutivas.
Eu ainda observo – de longe, jamais saciei essa minha necessidade. Mesmo quando eu estava... Vejo o sorriso, os olhos vidrados, a boca faminta por mais um beijo do seu mais duradouro projeto de amor. E esse carinho que não é pra mim. Maldito carinho. Essa imagem invade o pensamento e rouba todos os meus resquícios de otimismo. Analiso atentamente todos os passos, os gestos. Não preciso de muito tempo pra isso, alguns segundos de observação e consigo desvendar seu estado emocional sem nenhuma dificuldade. E ele anda em ótimo nível, admito. Admito que isso te faz bem. Não sei se natural e diretamente, mas talvez de um modo condicionado, talvez sua vontade de ficar ou mostrar-se bem seja a principal razão desse sorriso permanente.
É hora de reviver algumas coisas. Aquelas lembranças um tanto velhas, guardadas há um punhado de meses em algum lugar nem um pouco escondido do meu cérebro. Se renovam. Vem a impressão de que faz cinco ou seis dias que foram verdade, que foram o momento, e de que elas podem se repetir daqui outros cinco ou seis, quem sabe. A certeza de ter sentido, nesses últimos segundos, o mesmo toque que me aqueceu da última vez, naquela noite já distante. E então descobri que ainda me lembro de todos os detalhes.
Me pego pensando de que forma poderia ter sido diferente. Seria? O sorriso seria pra mim, assim como os olhos estariam vidrados nos meus e sua boca procuraria a minha? Se eu tivesse falado, o que falaria exatamente? Se eu tivesse quebrado as regras, que regras quebraria por mim? Se eu tivesse te provado, o que provaria em troca?
Pergunto. Sem respostas há um bom tempo. Seria?
Difícil desvendar o que está por trás da nossa intimidade, intimidada agora. Lembro dos papos, dos sonhos, dos futuros que estabelecemos – e que não tiveram chance de chegar a ser. Já são parte passado. Do antigo. Ficam nas lembranças, intocáveis e inalteráveis. Ficam, porque nada vai me convencer de tirá-las de mim. Vivas. Nostálgicas, permanecem. Não vou desistir de encontrar um sentido em tudo isso, em tudo o que aconteceu. Porque aconteceu, não aconteceu? Deve haver algum sentido. Talvez o enxergue, mas penso que não é hora de prová-lo a todos, de berrá-lo a todos – de calar a todos.
Questiono. Já sem esperança de alguma resposta. Seria?
O perfume, o gosto, o rosto. Nada que faz parte de você vai se extinguir em mim. Por um tempo, bom tempo. De que me vale o novo, se o velho ainda me basta?

2 comentários:

  1. Ei! Esse não tava na programação! rs =p
    Dolorido mas admirável, como sempre. =-*

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  2. "O medo de me prender de novo em mais uma das minhas aventuras utópicas"
    "De que me vale o novo, se o velho ainda me basta?"

    Ah Thi *___*
    já nem tenho mais oq falar pra vc, vc é tão foda!
    ow God

    :*

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